Juliano - O Sodamned começou em 1999, especificamente em abril, quando levei na casa do Gilson (batera) dois sons que eu tinha composto, e a gente passou uma tarde montando essas músicas. Um ano depois tivemos nosso primeiro show, e em 2003 lançamos nossa primeira demo, "On The Gallows". 2007 é a vez do lançamento do EP The "Garret" e 2011 - finalmente! - foi a vez de nosso primeiro full length, "The Loneliest Loneliness". Em toda a carreira a gente já figurou em inúmeras coletâneas, sendo a mais recente a coletânea virtual da revista Hell Divine, uma puta revista que vem se destacando no país. Atualmente o momento é de divulgação de nosso debut, já que começamos a trabalhar nisso só depois de ter retornado em outubro de nossa primeira tour no continente europeu.
Polêmico Rock - Finalmente, eis que chegamos a 2011 com o belo full-lenght “The Loniest Loneliness”, depois de alguns anos de estrada. Como vocês se sentem perante a isso? Posso deduzir que este seja algum momento de honra para a banda.
Juliano - Demais cara, a gente demorou muito pra ver esse sonho se concretizando, mas apesar de toda a demora, é certo que gente escolheu o melhor momento pra isso. Tivemos três experiências de estúdio anteriores com o Sodamned, cada membro teve mais experiências de estúdio com suas outras bandas (Felipe é baixista da banda de Doom Pain of Soul, Gilson é baterista do Luciferiano e eu era vocalista de uma banda de Pagan Black Metal chamada Austhral), então esse foi um momento em que a gente se sentiu seguro pra produzir o primeiro full da banda, e estamos realmente satisfeitos com o resultado.
Polêmico Rock - Como tem sido a aceitação do disco de uma forma geral?
Juliano - Cara, tá sendo excelente, somente reviews positivos em relação ao nosso som, fomos citados em listas de ‘melhores do ano’, enfim, a crítica tem sido pra lá de positiva e está nos surpreendendo mesmo, e estamos trabalhando arduamente pra continuar divulgando esse CD e continuar colhendo bons frutos com ele.
Polêmico Rock - O que eu pude observar é que o título do disco, as letras, e a arte da capa se entrelaçam perfeitamente, criando um perfeito clima negro. Vocês sempre tiveram o objetivo de criar músicas/letras obscuras?
Gilson - Bom, de certa forma sim. Na verdade não foi algo pensado ou combinado, mas como todos gostamos deste tipo de literatura, acaba saindo do jeito que gostamos de ler/ouvir nas letras de outras bandas. Então naturalmente estes outros aspectos de nosso trabalho acabam fazendo sentido, combinando-se entre si.
Polêmico Rock - Quem desenhou a arte de capa? De quem surgiu a idéia?
Juliano - A arte da capa é do Gustavo Sazes, um cara respeitado que já trabalhou com várias bandas nacionais e de fora, cujo trabalho a gente admira bastante. Levamos pra ele a letra da "Ewige Wiederkunft", que justamente trata sobre esse conceito do eterno retorno do Nietszche, levamos o texto do filósofo e demos mais ou menos uma ideia do sentimento que queríamos passar com a capa, e o cara captou muito bem a ideia, pois aprovamos a arte de primeira. Ele viajou legal em todo o contexto que a gente forneceu pra ele e veio com essa ideia da capa.
Polêmico Rock - Como surgiu a idéia do nome para a banda? Pode-se interpretar Sodamned como “So Damned”, no inglês?
Juliano - Exatamente, você é o primeiro que pergunta isso (risos). Um cara que tocou guitarra conosco bem no início da banda foi quem teve essa ideia de chamar a banda de “So Damned”, mas juntar em um nome só pra dar uma personificada, e a gente aprovou o nome logo de cara.
Polêmico Rock - Como tem sido o andamento dos shows? Vocês já pensaram em fazer shows fora do Brasil?
Juliano - Então, depois de tanto tempo tocando somente no sul do país, com apenas um show fora daqui (em Minas Gerais, 2010) na carreira, 2011 foi nosso ano de extrapolar limites: em setembro partimos para a nossa primeira tour na europa, onde passamos por seis países, tocando 16 shows. Agora para 2012 já estamos com shows agendados no MG, Argentina, e estamos trabalhando em shows no Norte/Nordeste do país. Temos alguns contatos com Chile e Peru também, e se tudo correr bem, conseguiremos algumas apresentações também nesses países.
Polêmico Rock - Embora vocês tratem de temas totalmente obscuros, podemos encontrar em termos de sonoridade algo mais voltado ao Brutal Death Metal. Comente um pouco sobre vossas influências, tanto bandas quanto qualquer outro elemento que os tenha influenciado.
Juliano - Apesar de tocar um som mais brutalzão, o tempo que gasto ouvindo bandas de Doom, atmosférico e o tempo que gasto ouvindo coisas brutais é praticamente igual. Então ouço desde Shape of Despair e Empyrium até Anaal Nathrakh e Origin. Literatura vai de Saramago à Álvares de Azevedo, e cinema mais ‘Doom’ me influencia bastante também, eu poderia dizer que qualquer filme do Théo Angelopoulos ou Krzysztof Kieslowski exerceram alguma influência sobre os riffs que componho.
Gilson - Pois é, acho que todos na banda gostam de uma gama bem variada de temas, tratando-se de literatura, cinema, Metal... Não que concordemos em tudo, mas em comum possuímos a característica de sermos bem ecléticos tratando-se destas formas de arte. Particularmente gosto muito de literatura de mistério, horror, suspense, algo de filosofia - leio autores como Allan Poe, Nietzsche, Lovecraft, Allan Moore, Garth Ennis... Em música ouço desde Metal tradicional até Brutal Death, do som simples do Motorhead e Venom até mais técnicos como Nile ou os últimos Death, passando pelo Thrash e Black Metal também, tudo que tem relevância e qualidade acabo ouvindo. O cinema também é uma grande influência, também vejo de tudo, mas os que me motivam a escrever são cineastas como Kubrick ou David Fincher.
Polêmico Rock - Como acontece o processo de composição das músicas no âmbito instrumental?
Juliano - A ideia inicial de todas as músicas parte de mim. Costumo brincar com a guitarra e quando sai algo interessante eu gravo, guardo, vou acumulando riffs e ideias, e quando creio ter uma música completa, estruturada, mando o mp3 pro resto da banda (cada um mora em uma cidade diferente de Santa Catarina). Sugiro o que espero de cada instrumento, mas a coisa se configura mesmo quando a gente se reúne nos ensaios, que é onde a música toma corpo e a gente junta as ideias de cada um, até um ponto onde todo mundo se sinta satisfeito com o resultado.
Polêmico Rock - Com relação às letras, como acontece este processo de composição das canções? Alguém é responsável por escrevê-las, ou cada um contribui com algum elemento?
Gilson - Até hoje acabei escrevendo as letras sozinho, dando os títulos das canções essas coisas. Não que é uma regra, mas acabou sendo assim, porque a forma como escrevo acabou agradando os outros membros da banda ao longo dos anos. Não existe nenhum segredo na hora de escrever, se algo que vejo ao meu redor desperta meu interesse acabo escrevendo sobre isso. Somente procuro escrever de uma forma mais indireta, metafórica mesmo. Não curto registrar alguma coisa que soe como um sermão ou uma pregação. Gosto que as pessoas pensem por elas mesmas, e que me digam em suas palavras o que entenderam de uma letra que escrevi.
Polêmico Rock - Quais são as metas para 2012?
Juliano - Fazer o máximo de shows possível para divulgar o CD, e estamos trabalhando duro nisso no momento. Um primeiro vídeo oficial também faz parte dos planos, e 2013 estamos planejando lançar um EP, então é possível que no final deste ano ainda acabemos entrando em estúdio.
Polêmico Rock - Você chegaram a mencionar um pouco ali em cima, mas vamos abordar esta questão com mais detalhes, apenas por curiosidade: a letra da última canção do disco, “Ewige Wiederkunft” é absurdamente obscura. Foi intencional colocá-la como última canção do disco? O que significa o título dela? Quem a escreveu? De onde surgiu a idéia para escrevê-la?
Juliano - Essa também é minha. Surgiu sob forte influência do filósofo Nietzsche. Inclusive o título e o tema vêm de um conceito filosófico deste escritor chamado "Eterno Retorno". Esta parte em específico questiona "Eu gostaria de viver minha vida novamente, infinitas vezes, nos mínimos detalhes?". Se você disse não, bom, infeliz de você, pois o filósofo diz que nossas ações e decisões devem se orientar desta forma: tudo que eu fizer vou ter que fazer por muitas e muitas vidas da mesma forma, então é melhor tomar a decisão correta. E sim, a ordem de todas as músicas do disco foi intencional, da primeira a última: queríamos chamar a atenção no início, mantê-la durante a audição do álbum e concluir de maneira singular... pela recepção que estamos tendo acho que acabou dando certo.
Polêmico Rock - Como você vê hoje o underground brasileiro?
Juliano - Em termos de banda, o underground brasileiro é foda, tem banda boa demais por todos os cantos do país, e isso é um grande motivo de orgulho. O que falta um pouco é mais estrutura para essas bandas mostrarem o seu trabalho, pelo menos aqui em Santa Catarina eu posso dizer que não temos muitos eventos de metal, é difícil pra gente conseguir shows aqui. Para o ano de 2012 nós já temos 8 shows agendados, e nenhum deles é no nosso estado, sendo que quatro são na Argentina, então ainda vejo essa dificuldade, de termos mesmo uma rede de casas de show que acolham essa demanda de bandas querendo se apresentar.
Polêmico Rock - Por favor, deixe alguma mensagem para os fãs da Sodamned, contato para os shows, etc.
Juliano - Galera, a quem se interessou pelo nosso trabalho, a gente gostaria de dizer que temos o nosso álbum disponíveo na íntegra em nosso myspace: www.myspace.com/sodamned, e temos alguns vídeos de nossa tour européia em www.youtube.com/bandaSodamned, apoiem as bandas nacionais e entrem em contato que responderemos a todos com o maior prazer. O contato com a banda é onthegallows@gmail.com
Polêmico Rock - Obrigado pela presença de vocês aqui, e fiquem a vontade para retornar com novidades. Desejo todo o sucesso para a banda! Horns Up!
Juliano - Cara, muito obrigado pelo espaço que tu cedeu e pelo suporte, é de veículos como o teu que precisamos pra manter a cena se movimentando com informações e suporte às bandas. Espero nos vermos pela estrada.
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