terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Entrevista: Reviolence


Polêmico Rock - Horns! É um prazer tê-los aqui novamente! Então, comece contando um pouco da história de vocês.

Edson - Antes de mais nada obrigado pelo espaço que você está nos abrindo para falar sobre o Reviolence no Polêmico Rock. O Reviolence nasceu em 2003. Eu tocava no extinto Panzer, uma banda que foi bem popular nos anos 90 e da qual eu também fui o membro fundador. Por vários motivos o Panzer encerrou suas atividades depois de 14 anos  de existência, vários álbuns lançados e algumas tours pelo país. Eu não queria parar minha carreira de baterista ali e resolvi montar uma nova banda, o Reviolence. De lá para cá o Reviolence teve muitas formações diferentes, lançamos materiais, diversos EPs, CDs, singles, vídeo clipes em diversos formatos e estamos seguindo firme com o trabalho da banda sem cessar um minuto sequer. Tem muito mais por vir ainda.

Polêmico Rock - Vocês fazem basicamente um Thrash Metal, mas existem algumas outras influências e outros elementos melódicos ou mesmo mais arrastados que por alguns momentos fogem um pouco do traçado Thrash, e me lembram algo do Heavy clássico; que ao meu ver, trata-se um ponto positivo, dando uma identidade a banda. Conte um pouco sobre as influências do grupo, citando as bandas e outros elementos que os influenciaram.

Edson - Sim, essa sempre foi a proposta. Erroneamente muita gente nos coloca dentro do rol das bandas Thrash, mas eu digo que não somos uma banda Thrash. Claro que o som do Reviolence tem muita influencia do estilo, que eu curto e estou envolvido desde os anos 80. Mas a proposta sempre foi misturar estilos, e realmente temos influência de Metal tradicional e como você mesmo disse, momentos arrastados que são uma influência de Stoner Rock, outro estilo que gostamos muito. Eu sempre digo que o Reviolence é uma banda de Metal, sem rótulos !!!

Polêmico Rock - O que vocês queriam dizer com o termo “Modern Beast”, título do full de vocês? Alguma crítica à atual sociedade?

Edson - "Modern Beast" foi uma forma que usei para descrever aquele filho da puta que todo mundo conhece, o capitalista autêntico, sem escrúpulos, que faz qualquer coisa para se sair bem, algo bem comum na sociedade de hoje. Seria a "Besta Moderna", ou seja, a Besta dos nossos dias. É o mal da sociedade em forma de ser humano, aquele que corrompe em beneficio próprio, visando apenas lucro. Realmente uma crítica a sociedade capitalista, ao cidadão moderno, seja ele homem, mulher, velho ou jovem ... o mal da ganância esta em todos.

Polêmico Rock - Nos últimos discos, parece que vocês adotaram um mascote para a banda, na arte das capas, não é isso?

Edson - É verdade, ele surgiu de forma espontânea, em "Violent Phoenix", nosso segundo EP. Ele surge de forma bem simples, como uma caveira trajando uniforme militar e usando um par de Machine Guns. A partir daí ele foi tomando forma, até que resolvi desenhá-lo com um capacete totalmente inspirado na capa do disco "No Mean Cities" do Nazareth. Acho que foi a partir daí que chegamos na sua forma ideal. E com certeza ele estará em todos os nosso lançamentos de alguma forma. Caveiras e crânios fazem parte da estética do Rock pesado e o Reviolence não poderia deixar de ter uma.

Polêmico Rock - Ainda se tratando das artes, gostaria de parabenizá-los pela arte de “In Pieces”. Confesso que fiquei realmente apaixonado por aquela capa do EP. De quem foi a idéia? Que mensagem vocês quiseram passar com ela?

Edson - Cara, é bem interessante você me perguntar algo sobre esse EP, foi nosso primeiro material lançado em 2003, fazem quase 10 anos. Bem, esse EP teve 2 capas divulgadas , eu prefiro falar sobre a segunda que é bem sombria, algo como um epitáfio. Quando divulgamos a capa dessa forma não sabia que ela estaria relacionada a um fato no mínimo curioso e estranho. Começamos a divulgar esse segunda capa, algo como uma homenagem póstuma. Alguns meses depois, o baixista Thiago que gravou este EP veio a falecer. Apenas alguns dias depois eu vim relacionar as coisas, e fiquei assustado. Essa capa então ficou como uma homenagem a ele, um bom amigo e um ótimo músico. Essa fase também foi a fase de mudança de rumo em nossa carreira como banda, a partir daí tudo tomou outra forma até chegar até aqui. Sendo assim, essa capa coloca fim em um ciclo e da abertura a outro para os caminhos da banda.

Polêmico Rock - Meus pêsames pelo Thiago. Podemos esperar algumas novidades legais para o Reviolence no ano de 2012? Quais são seus objetivos para este ano?

Edson - Sim, estamos finalizando o processo de composição do novo álbum, que deve sair nos próximos meses, faltam pequenos acertos na parte vocal e devemos entrar em estúdio em breve.

Polêmico Rock - Você acabou de dizer, mas eu ia perguntar justamente isso ... sobre quando poderíamos esperar um novo full-lenght do Reviolence ...

Edson - Para os próximos meses lançaremos nosso segundo CD, podem esperar um material muito mais bruto e pesado, esse disco será uma grande surpresa para os fãs antigos e com certeza trará novos fãs para a banda. É a releitura de nosso trabalho, que estará mais brutalizado e rápido.

Polêmico Rock - Como tem sido a aceitação do som e da proposta de vocês por todos estes anos?

Edson - Sempre foi ótima por parte do público e da mídia. Em cada lançamento o Reviolence estava passando por um momento musical diferente, nós fomos evoluindo a cada lançamento e vejo que as pessoas foram acompanhando isso. Temos hoje uma boa base de fãs. A mídia também sempre nos deu apoio, aqui e fora do país. Com o EP "Violent Phoenix" ficamos entre os 24 lançamentos mundiais de 2008 no formato EP segundo os leitores do site "Thrash Unlimited", além de figurar na votação dos ouvintes da Last FM, como uma das 10 bandas que estava renovando o Thrash Metal mundial naquele ano. Com "Modern Beast" conseguimos muito mais pessoas acompanhando a banda, além de  entrevistas e resenhas positivas em todo o mundo, e fãs do quilate do vocalista Gerre do Tankard.

Polêmico Rock - Como funciona o processo de composição das músicas no âmbito instrumental? Tudo acontece de forma espontânea nos ensaios, ou alguém fica a cargo de deixar a composição toda pronta?

Edson - Nós já temos um processo de composição fechado de certa forma. Normalmente o guitarrista Guilherme me apresenta riffs de guitarra e em algumas musicas nós dois construímos juntos o arranjo, em outras situações ele nos apresenta a musica já pronta e nós fazemos nossas partes sobre a composição já fechada. A entrada do baixista Bernardo trouxe algo muito positivo para o Reviolence também, neste próximo disco nós teremos músicas também compostas por ele e em parceria com o Guilherme.

Polêmico Rock - Como funciona este processo no âmbito das letras?

Edson - Quanto as letras, normalmente sou eu quem escrevo, elas são inicialmente feitas em formato de um texto e depois são acertadas métrica e forma junto com o vocalista Rafael, para que tudo se encaixe no instrumental. Eu escrevo sobre minha visão de mundo e sociedade, este novo álbum será bem politizado, tratando de temas que abrangem o mundo de forma mais global, as conseqüências de acontecimentos políticos do passado nos dias de hoje e a relação das pessoas entre si.

Polêmico Rock - Como surgiu a ideia de colocar o nome do grupo de “Reviolence”, e o que significa exatamente?

Edson - O nome Reviolence foi dado pelo meu velho amigo Marcelo Ivanov, um dos grandes colecionadores de Metal dos anos 80 que eu conheço. Reviolence é uma palavra do inglês arcaico que significa, violência em ciclos. Se você parar para pensar, o mundo é regido por ciclos de violência, as guerras desenvolveram muito nossa tecnologia. Assim o nome Reviolence tem muito haver com o dia a dia de todos nós e o mundo que vivemos, ele reflete bem o que eu sempre escrevi nas nossas letras.

Polêmico Rock - Comente um pouco sobre a questão de ser músico no Brasil, e suas respectivas dificuldades.

Edson - Cara, ser músico no Brasil não é uma tarefa para muitos. Se manter na ativa por tantos anos como eu e muitos outros tem se mantido por apenas dois combustíveis: a paixão pela musica e a fé cega no que você faz. Uma vez dei uma entrevista para um fanzine, os caras estavam gravando esta entrevista, e me perguntaram no que eu acreditava, eu disse que acreditava no Metal, os caras riram e não entenderam. Mas eu estava falando com honestidade, falando da fé cega em tocar Metal e como isso me torna feliz... Infelizmente o Brasil não é o país do Rock, as coisas pioraram muito de 10 anos para cá, mas temos nos mantido firmes. Enquanto houver pessoas com fé na musica pesada, acreditando que isso é possível, a chama não irá morrer apesar das dificuldades.

Polêmico Rock - Como vocês enxergam o cenário underground brasileiro hoje?

Edson - Confuso. Eu estou atuando no cenário a 25 anos e já vi o underground de outras formas. Não sou eu quem vai apontar o dedo para esta ou aquela pessoa, culpar grupos ou situações pelo que estamos vivendo. É preciso analisar isso de outra forma. Eu tenho observado que os shows internacionais estão tomando um bom espaço no bolso da galera e eu não os culpo por isso. Se você ler revistas antigas e conversar com pessoas que curtem som a muito tempo, vai sacar que um dos maiores sonhos do público de Rock no Brasil era ver seus ídolos. Isso enfim aconteceu, só que não temos poder monetário como um Europeu para assistir a tantos shows. Isso tem afastado as pessoas dos shows de bandas nacionais. Por outro lado, estamos vivendo em outro mundo hoje. A sociedade mudou, parece que as pessoas preferem ficar sentadas em suas poltronas postando coisas nas redes sociais do que sair para uma bela noitada de Metal, regada a cerveja e mulherada. Esse era o espírito de antes, hoje estamos passando por uma fase de mudança no comportamento humano. Como eu disse, eu não culpo o Metal, o público, as bandas ou o cenário todo de hoje em dia. A forma humana de se divertir esta mudando. Por exemplo, eu vi estes dias na TV um  anúncio de um produto dizendo que “não fique conectado, estamos no verão, aproveite mais o Sol”. Porra, se você tem uma propaganda de TV dizendo isso em rede nacional, em uma grande emissora é porque as pessoas em geral mudaram seus hábitos e não apenas o público de Metal. Culpar o underground, bandas, público e estilos é uma tolice, estamos vivendo em uma nova ordem social e pouca gente se ligou nisso, pois estão envolvidos demais para perceber.

Polêmico Rock - Por favor, deixem uma mensagem para os fãs do Reviolence, contato para os shows, etc.

Edson - Esperem pelo novo álbum, ele vai surpreender a todos!!! Nos vemos em breve!!!!

Polêmico Rock - Mais uma vez digo que é uma honra tê-los aqui, e a casa é sempre de vocês. Um grande abraço! Horns!

Edson - Obrigado ao Polêmico Rock pelo espaço!!! Metal até os ossos!!!!

Um comentário:

  1. Parabens pela entrevista,escolheram muito bem,e sabias as palavras de Edson,quanto a dificuldade do crescimento do metal no Brasil e de seus seguidores em uma sociedade de que apega com unhas e dentes em hits de temporadas que passam e vem outros piores;e cruel é ver tantos jovens com tão pouco conteudo seja culturalmente ou musicalmente.Mas creio piamente em fortes e fieis metaleiros que não desiste de suas idéias e gosto musical,para lutar a continuar fazer este cenario mais conhecido e reconhecido por mais e mais jovens e por fazer a alegria de velhos banguers igual a mim e muitos outros!.Obrigada a banda Reviolence metal nunca para1 NUNCAAAAA.Luana Vianna

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