O Polêmico
Rock bateu um papo com Edson Graseffi, atual baterista do Panzer, e de grande influência da cena nacional, que
iniciou sua carreira no final dos anos oitenta. Para quem conhece ou esteve
próximo aos trabalhos do Edson, ao longo dos anos, torna-se inegável o furor
deste músico pela paixão persistente e impactante em prol da cena nacional.
Nesta matéria especial, você fica por dentro dos detalhes, e dos momentos
divertidos e difíceis da carreira de um músico. Enjoy!
Polêmico Rock - Horns! Imenso prazer tê-lo novamente aqui Edson! Tivemos um contato inicial ainda quando você se encontrava
no Reviolence, e sou imensamente
grato de ter mantido este laço de amizade com vossa pessoa.
Edson Graseffi
- Fala Plínio, e leitores de Polêmico Rock, prazer é meu em poder estar mais uma vez aqui
falando com você sobre meu trabalho. Fico realmente agradecido pelo espaço que
esta sendo aberto para divulgar meu trabalho como baterista e o trabalho do Panzer.
Polêmico Rock - Sua carreira começa basicamente no final dos anos 80.
Primeiramente, vamos voltar um pouco no tempo, e nos fale um pouco da cena
Thrash daquela época, tanto a cena internacional como nacional, e nos fale um
pouco da sua banda Punch, ou alguma
outra que você veio a manter um contato inicial como músico.
Edson Graseffi
- Falar disso é uma grande viagem no passado,
pois o mundo esta realmente diferente em muitos aspectos. Bem, naquele tempo
tudo era novo para nós que curtíamos som pesado. O inicio, o contato inicial
com esse tipo de música era muito difícil, existiam poucos “rockeiros pauleira”
que não abriam muita informação para quem estava começando. Isso acontecia pelo
menos na cidade onde eu vivia, no interior de São Paulo. O acesso a discos e
revistas era quase impossível, então a gente conseguia trocar fitas K7 gravadas
com os amigos e conhecíamos bandas novas a partir desse caminho. Existia também
a revista Rock Brigade que na época era um zine xerocado com capa colorida,
aquilo era a bíblia dos moleques na época, e eu mesmo conheci muitas bandas
através dali. O mais louco é que você lia sobre a banda, e não ouvia o som
porque ninguém tinha acesso a discos. Não posso esquecer também do programa “Sessão
Rockambole”, que rolava na 97 FM. Quem tinha sorte como eu de poder ouvir todo
domingo as 15:00 tinha acesso a bandas que estavam começando a despontar, e
particularmente conheci muitas bandas - que hoje são clássicas - lançando seus
primeiros álbuns através deste programa, apresentado pelo “ Capitão de Aço Beto
Peninha” . E como você perguntou da cena Thrash, cara, tudo era novo, tudo
estava sendo feito, o Metallica era
o máximo que uma banda Thrash poderia ser, diferente de hoje que uma pá de
gente detonam os caras. O Metallica
era o herói da molecada da época. Me lembro de quando saiu o “Master of Puppets”,
eu tinha um amigo chamado Gugu, ele tinha mais grana que todo mundo, então
conseguiu encomendar um LP importado, quando esse disco chegou tinha romaria de
moleques cabeludos na casa dele para ouvir o disco. E é claro que existia o Slayer, Anthrax, etc. Mas o Metallica
parecia soberano.
Em relação a cena brasileira
tudo estava se iniciando. Em 86 e 87 foram anos que trouxeram bons discos para
nosso cenário; a coisa estava acontecendo e não tinha muito esse lance de
divisão de estilos, Thrash, ou Death Metal, ora Heavy tradicional, todo mundo
curtia tudo que era pesado. Eu ouvia Dorsal
Atlântica, Vodu, Viper, da mesma forma que ouvia Iron Maiden, Ozzy, AC/DC, Motorhead, Manowar, e bandas muito pequenas na época como Agent Steel, Tyrant e Savage Grace, etc. Existia uma
relutância com os intitulados “posers”, bandas americanas de Hard, que décadas
depois todos viram que eram bandas ótimas e com grandes músicos. Isso tudo,
esse radicalismo e ao mesmo tempo, a liberdade de curtir vários segmentos do
Metal sem preconceito, faziam parte de ingenuidade da época, mas eu acredito
que foi o que transformou os anos 80 em algo que não se esquece. Eu vivia no interior de SP, então não
participei de coisas que aconteceram na capital, tipo praça do Rock ou shows no
Rainbow Bar. Mas vivi a cena que rolava no interior, bandos de cabeludos
andando juntos a noite, falando de som e fazendo arruaça, todo mundo com um
visual muito carregado porque isso sempre foi uma característica dos ‘bangers’
do interior de SP. Eu sei que em SP existiam os atritos entre gangs de bairro,
mas onde eu morava, andávamos com Punks, Psycho Billies, Hardcores, tinha de
tudo onde eu morava. Havíamos crescido juntos, pois a molecada era toda da escola,
depois cada um acabou migrando para sua tribo, mas íamos aos mesmos shows,
curtíamos os mesmos “sons”, que eram festas underground regadas a goró barato
(pinga). Fazíamos ‘circle pits’ juntos nos shows, era foda!! Acho que isso influenciou meu gosto musical também,
através de amigos, tive acesso a sons de bandas de HC finlandês, a bandas Punk
, bandas de pós punk, Psychobilly, foi um momento legal para conhecer muitas
coisas.
Sobre minhas primeiras
bandas, a primeira foi o Hefestos,
que tinha meu irmão Paulo como baixista e vocal. Ela surgiu entre 87 e 88,
tocávamos Heavy tradicional na linha do Iron
Maiden. Ela foi muito importante na minha carreira porque foi onde eu
aprendi a tocar em uma banda, trabalhar em grupo, aceitar ideias e opinar. Nós
éramos uma boa banda e talvez tivéssemos tornado maiores se tivéssemos tido
apoio. Eu vejo muitas bandas hoje que são consideradas ‘cult’, que trilharam o
mesmo caminho que o Hefestos, mas
nós vivíamos no interior então só ficamos conhecidos ali na época. Quando ela
acabou, queríamos tocar Thrash Metal. Como todo garoto, você quer fazer cada
vez mais som porrada e ser mais barulhento. Nós conhecemos na época o Marcello
Ivanov, que foi guitarrista do Exxon.
Formamos o Punch, atual trio que
tocava Thrash e fizemos muitos shows até 1990. Logo em seguida essa banda também
acabou, e eu e meu irmão em 1991 montamos a banda que nós queríamos que desse
certo, o Panzer. O Panzer começou bem underground, sem
recurso algum. A primeira demo foi gravada em um tape deck tosco, em fita K7, com
áudio captado de um ensaio. Eu tenho isso guardado e um dia talvez eu libere.
Posteriormente a coisa foi se ajeitando para nós na vida pessoal e eu e meu
irmão resolvemos trazer a banda para SP, para ela crescer e foi assim que
entramos na cena da capital, sem ninguém nunca ter ouvido falar na gente.
Polêmico Rock - Você comentou da revista Rock Brigade, e sobre crescer com o Panzer, e eu lhe pergunto: como foi ter
sua banda, posteriormente, nas páginas da Rock Brigade?
Edson Graseffi
- Cara, aquilo foi uma grande realização pessoal.
Talvez hoje as revistas não tenham mais a mesma importância daquela época, então
talvez isso que vá dizer pareça meio sem sentido para quem não viveu naquela
época. Mas você imagina um moleque que viu um zine virar revista, e depois ter
sua própria banda entrevistada por aqueles jornalistas, ver sua foto com os
caras da banda estampada naquelas páginas foi de grande valia. A sensação foi a
mesma quando o Jaji da Metal Gods, entrevistou o Panzer e fomos matéria de capa. Muita gente não sabe quem foi ele
hoje em dia, e infelizmente como tudo neste país, a memória do Metal esta se
perdendo, mas para nós que vivemos aqueles dias sabemos também a importância do
Jaji naquela cena toda.
Polêmico Rock - Acredito que uma das grandes curiosidades dos fãs é saber o quão
dificultoso é uma carreira inicial de um músico. Sabemos que no geral, é
extremamente difícil, mas as vezes não sabemos ao intensidade disto. Lembro-me
de uma entrevista com o Krisiun na revista
Zero, sobre o Max Kolesne mencionando sobre carregar os acessórios de bateria
em um ônibus lotado. Me fale um pouco disto, como é ter uma banda e ter um
trabalho paralelo ao mesmo tempo, gastar o pouco dinheiro que se tem para
promover os discos da banda, ou fazer turnê economizando centavos.
Edson
Graseffi - Era difícil pra caralho. Neste aspecto, os anos 80 foram osso.
Não havia instrumentos musicais bons por preço razoável, e só se poderia tocar
com algo descente quem tivesse uma grana, o que não era meu caso. Então tudo se
tornava bem complicado para bandas como a nossa, que não tínhamos dinheiro,
apoio, contatos e não estávamos próximos à cena de SP da época. Como você disse,
tínhamos trabalho paralelo para levar, nenhuma grana para investir, preconceito
por parte da escola, por ter cabelo comprido e visual. Eu também não tinha
carro e andei muito de ônibus carregando pratos, caixa, pedais, etc. Lembro que
eu e meu irmão morávamos bem longe de tudo, então andávamos muito até poder
pegar um ônibus. Nós íamos trocando os instrumentos, um de cada vez, carregando
o mais pesado, para conseguir andar toda aquela distância sem se machucar,
muitas vezes inclusive debaixo de chuva. O começo não foi fácil.
Polêmico Rock - Você ainda possui algum trabalho paralelo à banda, ou hoje consegue
viver exclusivamente da música?
Edson
Graseffi - Eu sempre estou envolvido com alguma coisa paralela, isso é
saudável para poder experimentar outras formas de tocar som pesado. Veja só, eu
disse som pesado. Portanto, você nunca irá me ver tocando outro estilo que não
seja musica pesada ou que não seja ligado ao Rock n Roll. Sou um baterista de
Rock e assim me sinto feliz. Hoje eu toco em uma outra banda também, que se
chama Aqualung. É uma banda que toca Classic Rock , onde eu toco e canto, o que
é uma experiência realmente diferente para um baterista. Tenho desenvolvido recentemente
esta coisa de cantar e tocar, tem sido uma ótima experiência pois você tem que
se redescobrir como baterista. Quanto a viver de música, talvez eu possa dizer
que sim, trabalho paralelamente com instrumentos musicais, então de certa forma
estou ligado a coisa toda o tempo inteiro.
Polêmico Rock - O que você pode nos contar sobre o Panzer nos anos 90? Lembro-me de vê-los em críticas e reviews da
época.
Edson
Graseffi - O Panzer trilhou um
caminho de crescimento durante os anos 90. Como disse acima, no inicio da
década éramos uma banda desconhecida, trabalhamos muito para termos nosso lugar
ao sol e conseguimos. Com o lançamento dosdiscos, “Inside” e” The Strongest” a
banda se firmou no cenário brasileiro e participamos de vários festivais
bacanas da época. Surgimos em meio a explosão do melódico, demos um grande
foda-se para toda aquela “cena panela” do melódico e seguimos em frente acreditando
no nosso som. Fomos uma das poucas bandas que se assumiram Thrash Metal naquela
época, todo mundo queria ser melódico e ter o cabelo bonito e tocar a
velocidade da luz. Nós aparecemos fazendo o inverso, caminhando sozinhos e fora
da moda e acredito que isso nos deu
credibilidade no meio da cena. Realmente toda mídia especializada daqui e do
exterior abriu os olhos para o que estávamos fazendo, os shows estavam lotando
, estávamos tocando em programas de radio importantes , na 89 FM, Brasil 2000, fizemos
o vídeo clipe, tour pelo nordeste, o CD passou a ser distribuído pela Century
Media, e um selo japonês começou a distribuir nosso material por lá. Devido a
tudo isso, passei a ter endorser de algumas marcas e começamos a sair em
matérias de capa em varias revistas. A banda estava muito bem naquele momento
tocando em eventos juntos com nomes que já eram de peso e hoje são muito
grandes. Foi um ótimo momento e um alicerce sólido para podermos voltar hoje.
Polêmico Rock - O que houve exatamente para o término, ou congelamento do Panzer?
Edson
Graseffi - Talvez a falta de maturidade por parte de todos dentro da banda, para
entenderem o Panzer como entendemos
hoje. Mas eu acho que esse lance naquele momento e esses 10 anos entre o fim da
banda e nossa volta, foram importantes para que ela voltasse no formato que
voltou hoje. Hoje, comigo e com o André mega seguros do que estamos fazendo,
brothers e trabalhando para um bem comum. Isso proporciona segurança para os
nossos dois novos membros, o Rafael e o DM e transforma o Panzer de hoje em uma das melhores formações que já tivemos.
Polêmico Rock - Hoje, como se encontra essa “ascensão” do Panzer? Nos anos 90, vocês chegaram a distribuir os discos lá fora.
Você saberia me dizer como esta essa receptividade hoje em terras estrangeiras?
O single “Rising”, representa justamente esta ascensão?
Edson
Graseffi - Tem sido muito bom até aqui, entramos em playlists de rádios dos
EUA e Polônia. Saíram algumas resenhas super positivas também na Europa , mas
ainda existe um grande preconcieto dos gringos, principalmente dos sites
Europeus em resenhar material que não seja lançado em CD e que seja enviado
pelo correio. Então resenhas vindas de fora não foram tantas porque o single
foi feito para ser distribuído pela web. Nesse ponto a mídia brasileira esta a
frente da Européia e tem valorizado esse formato de lançamento.
Polêmico Rock - Com relação ao Reviolence,
qual foi a decisão de vocês?
Edson
Graseffi - A decisão foi minha, eu resolvi acabar com a banda e terminar com
ela.
Polêmico Rock - Percebe-se que este assunto não lhe agrada muito, ou estou
errado? Por mais que todos na banda tenham um objetivo de tocar determinado
estilo, diga-me, o quão difícil é relacionar-se com pessoas, mesmo estando em
uma banda onde todos tenham o mesmo objetivo. Em que ponto surgem as
divergências?
Edson
Graseffi - Cara, não é questão de se sentir incomodado, é o fato simples de
que esta banda esta morta e enterrada para mim, então não vejo muito motivo de
retomar um assunto que me trouxe tantos problemas naquele período. Meu foco
agora é outro e meu objetivo é apenas olhar para frente.
Polêmico Rock - Ok. Você teria alguma história bizarra ou curiosa para nos
contar? Algum lugar estranho que você foi tocar, ou a oportunidade de conhecer algum
músico que você era fã quando jovem?
Edson
Graseffi - Tenho que falar antes de qualquer coisa no fato de poder conhecer
Dan Beehler (ex baterista do Exciter)
pessoalmente. Ele é talvez o cara que me levou até a bateria e depois a tentar
cantar e tocar. Sou mega fã confesso desse cara e conhece-lo pessoalmente e
poder conversar com ele sobre isso não tem preço. Quanto a historias bizarras e
locais estranhos que já toquei em 25 anos, você pode imaginar a quantidade de
historias que eu tenho. Nós temos até uma piada interna dentro do Panzer que fala sobre isso. Mas de
todas posso contar algumas. Certa vez estávamos tocando com o Panzer no interior de SP, no início de
carreira, nós perdemos o último ônibus para voltar para SP e fomos andando a pé
até a rodovia para pegar carona. Só que ninguém parava para aquele bando de cabeludos
carregando instrumentos. Estava escuro, começando a chover e a coisa estava
ficando feia. Até que apareceu um soldado do exercito, fardado e veio nos
perguntar que banda éramos. Era um headbanger que estava servindo o exército.
Contamos para ele nosso problema e ele resolveu nos ajudar. Nós nos escondemos
no meio do mato e ele parou um ônibus, afinal ele era soldado. Quando o ônibus
abriu a porta nos saímos de dentro do mato, todos molhados e corremos para
dentro do ônibus. O motorista teve que nos deixar entrar e conseguimos voltar
para casa.
Outro caso, que aconteceu bem
nos primeiros meses da banda, nós fomos tocar em uma cidade do interior onde
não havia palco e sim aqueles caminhões que abrem a lateral. Até ai tudo bem,
só que a bateria era eletrônica e tive que tocar com aquilo. O Panzer acabou soando como o Ministry, uma experiência bizarra.
Polêmico Rock - (risos). Quais são as bandas que você mais escutou e
consequentemente te influenciou quando você era mais jovem? Qual baterista (ou
quais) você gostaria de destacar?
Edson
Graseffi - Cara, eu ouvi como louco Iron
Maiden, Nicko é uma grande influência no meu modo de tocar. Exciter (Dan Beehler é um alienígena), Black
Sabbath, Metallica, Slayer, Kreator, King Diamond, Mercyful Fate, Motorhead, Pentagram, Metal Church, Savage Grace, Saxon, Quiet Riot, etc. Posso destacar Scott Travis e Gene Hoglan como grandes influencias
na minha forma de tocar também.
Polêmico Rock - O que você acha do Sadus?
Particularmente sou apaixonado nesta banda, de Steve Digiorgio.
Edson
Graseffi - Uma banda que eu gosto muito e que considero injustiçada,
poderiam ter voado mais alto.
Polêmico Rock - O que você anda escutando atualmente? Alguma coisa nova, ou só os
clássicos?
Edson Graseffi - Eu não viveria
sem os clássicos, sem o Saxon e Pentagram por exemplo. Mas ouço sim
coisas novas, Lamb of God, Hellyeah, e bandas de stoner como Orchid fazem minha cabeça hoje também.
Polêmico Rock - Stoner é maravilhoso, como o clássico Kyuss, ou as mais novas também, como Spiritual Beggars. Enfim, eu
quero lhe perguntar algo bem polêmico: O que você acha do Slipknot? Não irei criticar nem defender o grupo, mas acho que há
um preconceito exagerado e desnecessário em torno d a banda. Mas o que eu gostaria
de lhe perguntar, o que você acha do baterista do Slipknot, tecnicamente falando? Ele parece tocar bem. Escutei umas
canções de curiosidade, depois de ver tantos “Haters” criticando-os, e o que
mais me chamou a atenção foi a estrutura da bateria nas canções.
Edson
Graseffi - Cara, eu te responderia de uma outra forma no passado, mas hoje
eu entendo que algumas bandas fazem parte da vida de algumas pessoas, então é
preciso ter cuidado no que dizer sobre isso. Depois do dia que eu ouvi um
roadie do Panzer dizer o quanto o Nirvana foi importante na vida dele, eu
entendi que cada banda tem sua história ligada intimamente a vida de cada pessoa e isso tem que ser respeitado.
Voltando a história do Slipknot,
particularmente eu não gosto da linha de trabalho da banda, não é o som que me
agrada. Mas como baterista estou antenado em todos os bateristas que estão se
destacando no meio, e o baterista deles é ótimo, e para chegar naquele nível de
desempenho o cara teve que ralar muito e estudar. Então só por isso é um cara
que merece meu respeito.
Polêmico Rock - Qual a sua opinião sobre os bateristas mais, digamos, Blast Beats?
Pois alguns utilizam cadenciamentos, andamentos mais quebrados, e outros, especialmente
no Metal Extremo, os Blast Beats. A meu ver, ambos são dotados de talento, e
especialmente, amo Metal Extremo. Mas gostaria de saber sua opinião técnica
sobre o assunto.
Edson
Graseffi - Eu admiro quem toca dentro dessa linha, mas não faz parte da
minha escola de bateria. Acho incrível uma pessoa desenvolver aquela velocidade
e dinâmica. Mas como disse, isso não se encaixa na minha forma de tocar. Eu venho de uma escola mais clássica e a
forma pesada como eu toco torna impossível esse tipo de execução. Eu, por
exemplo, teria que mudar algo desenvolvido durante décadas para poder me adaptar a técnica de blast beat,
então isso acaba não fazendo sentido para mim. Uma vez, um amigo meu me disse
que eu parecia aqueles bateristas de
bandas americanas dos anos 80 tocando. Hoje eu vejo isso como uma boa qualidade,
com o passar dos anos transformei essas características aliadas a coisas mais
modernas em meu estilo de tocar. Meus heróis ainda são Bill Ward, Tommy Aldridge,
Scott Travis e por aí vai. Deixo com muito respeito os blast beats para outros
bateras.
Polêmico Rock - Você ainda faz Workshops? Qual é o interesse maior dos alunos
nesses Workshops? Bumbo duplo?
Edson
Graseffi - Eu já fiz vários workshops em lojas quando era endorser de uma
determinada marca de pratos, mas essa coisa do endorser no Brasil é oscilante.
É baseada em influência e indicação. Como estou sem endorser de pratos agora não
tenho feito workshops. Mas o maior interesse da galera ainda é nos dois bumbos,
principalmente porque bateristas que realmente sabem tocar no Brasil com dois
bumbos não são muitos. O próprio mercado musical e a cultura brasileira em
geral são causadores dessa situação, apenas bateristas de Metal se dedicam a
isso aqui.
Polêmico Rock - O que seus pais/parentes achavam de você querer seguir carreira
de músico, e como eles te veem hoje?
Edson
Graseffi - Eu venho de uma família de músicos, mas infelizmente meus pais
foram a única geração que não tocou e hoje compreendo que até pela história
pessoal deles, a visão que eles tinham de música nunca foi a que eu desejasse
que tivessem. Mas eles me apoiaram
quando eu era moleque até onde eles puderam. Minha trajetória para a profissionalização
da carreira foi solitária, nesse período eu trilhei totalmente sozinho,
diferente de muita gente que tem apoio total da família. Hoje vivo da música, meus
pais tem respeito pelo meu trabalho e hoje eu vejo isso como uma vitória
pessoal.
Polêmico Rock - Você pretende, ou já pensou em algum dia lançar algum livro, sobre
sua biografia e/ou sobre as suas experiências no/com o underground brasileiro?
Edson
Graseffi - Olha isso não é má ideia, eu nunca havia pensado nisso. Mas a história ainda esta sendo contada,
então, quem sabe em um futuro distante.
Polêmico Rock - Deixe contatos do Panzer,
link de vídeos, endereço do seu site, etc.
Edson
Graseffi - Obrigado pela oportunidade da entrevista e para quem quiser
conhecer o trabalho do Panzer e meu
trabalho pessoal, segue os links: